segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Lágrimas de diamante.

"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo."
[ Caio Fernando Abreu ]

Os sóis abandonaram aquela gente que se concentra entre a América e a Oceania, circundada pela falta de sensibilidade da "nobre" Europa. Não vale a pena perguntar se me ouves, pois eu sei que é aqui que a nossa fronteira torna-se imensamente inalcançável. Diante dos relatos de mulheres vindas de Guiné-Bissau, escutei o choro de mães que perderam os seus filhos, nunca vi nada tão humano. Ali de pé, olhos fechados e coração sangrando observei almas penduradas na desilusão apenas sustentando um corpo cansado de tanto trabalho, diria que é escravo, assim como o de todos os explorados no belo continente que fiz alusão. O coração dessa gente é seco feito à África, mas tem a beleza do território que abriga diamantes.


"Ativistas" sonham em ir pra lá, grande África. Em sua maioria acreditam que lá está concentrado todo o problema de fome, AIDS e abandono. Não os critico, mas alego que deveriam olhar para a própria nação no qual montam o seu teto. Em uma remota comparação afirmo com tristeza que a Região que abriga mais Estados no nosso país, em seu total nove, marcados pela mais baixa renda per capita e maior nível de pobreza da nação. De acordo com o levantamento da UNICEF divulgado em 1999 as 150 cidades brasileiras com a maior taxa de desnutrição se encontram no Nordeste. Qualquer semelhança entre a má distribuição de renda entre a África e o nosso Nordeste é mera coincidência. Ok? E o que fazer com essa situação? Nada. Tenho meu teto, meu emprego que não é lá grandes coisas e existe uma rede de Fast-food no qual eu gasto no mínimo em uma refeição o suficiente para a alimentação básica de três integrantes de uma familia. Mas e daí? Vamos Colocar a culpa no sistema? Reclamar de quem elegemos? Ou assistir o Pay-Per-View que é mais agradavél? O fato é que ninguém sozinho pode mudar a "coisa" mais triste do mundo chamada: realidade.

Realidade (do latim realitas isto é, "coisa") significa em uso comum "tudo o que existe". Em seu sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Temos que atentar ao fato da paradoxal questão entre a realidade ou verdade objetiva. Para serem aceitas, elas só precisam passar por uma nada complexa prova, só terão que resistir a sucumbência de todos os seres humanos da face da Terra, "simples assim! ". Essa mera questão possui fonte na lógica Aristotélica, ou seja, o que escolhemos como forma de ver e pensar a enorme bola gigante em mutação, o mundo. Oras, achamos em quem colocar a culpa... A culpa é do cara que nasceu lá em Estagira, na Calcídica e veio a contaminar todo o pensamento ocidental. Vamos colocar a culpa em Αριστοτέλης! O que vocês acham? Eu acho perfeito, já que temos a necessidade de culpar alguém, então que seja alguém que já bateu as botas, não requerendo risco de processo. Coitado do Aristóteles, eu gosto dele...Mas já que não são todos que aplicam-se na prática a mudar a realidade ou verdade objetiva seja lá o que for, temos ao menos a obrigação de movimentar os neurônios e realizar uma reflexão que segundo o dicionário de Filosofia significa "meditação comparativa e examinadora contraposta à percepção simples ou aos juízos primeiros e espontâneos sobre um objeto. No sentido ontológico, mais preciso e profundo, significa, ao mesmo tempo, uma volta do espírito à sua essência mais íntima. Esta volta (reflexio = re-flexão) é o sentido próprio do vocábulo."

"Uma volta do espírito à sua essência mais íntima" Eu chamo isso de humanização. E aí quem vai querer discutir? É legal pensar em tudo isso. Seria suspeito dizer que me interesso por

Divag. Ações?

Então, Divagando um pouco sobre os problemas da África ...
Tendo consciência da não -raiz- ocidental que ilustra a dificuldade em adaptação à dominação Européia/ocidental carregada de seus produtos morais e materiais que acarretaram em problemas políticos e econômicos. Não bastando, ainda há os de cunho racial, o que ilustra perfeitamente tal colocação é a divisão do mesmo país em África Branca (egípcios, árabes, bérberes, etíopes e tuaregues ...) e África negra ( bantos, sudaneses, pigmeus, hotentotes e nilóticos...).

As grandes nações limitaram os povos da África e atualmente os reduzem a uma sociedade primitiva não no sentido correto da palavra ( já que lá foram encontrados os mais antigos fósseis de hominídeos, com cerca de cinco milhões de anos), mas no sentido pejorativo, ainda mais sob alegações discriminatórias sobre os grupos étnicos com seus ritos e línguas que na verdade é uma esplendida explosão cultural da mais bela composição de artes, violada também pela fronteiras estatais artificialmente criadas durante o longo imperialismo colonial europeu que violou completamente a vida própria do continente ( Essa analise nos propõe a leitura que de acordo com a divisão do mapa pela “régua” ocasionou uma das maiores dificuldades aos africanos que possuíam a característica de nômades o que impossibilitara o direito fundamental de acesso à terra limitando as práticas extrativistas e causando maior grau de dificuldade ao socorro humanitário), rompendo a intimidade dos povos que como em toda a sociedade possui as suas soluções jurídicas, normas sociais ou direitos costumeiros. Com todas as formas de manutenção anteriormente citadas, não se fazia necessária a implantação de um Estado (principal instrumento para a administração das colônias) como nas sociedades européias. Houve a subversão das tradições locais devido ao choque com a cultura artificial implantada pelos colonizadores responsáveis pelas regras incompreendidas pela população local que se revoltara e sentira a violência extrema como forma de contenção.

Buscar uma solução para África não é instaurar uma democracia regida por governo estatal, ainda mais “eurocêntrico”. Seria mais uma vez atropelar a diversidade cultural, uma afronta aos poderes tribal, tradicional e religioso que ali exercem grande influência.Ações que devem ser tomadas dizem mais respeito da redução já que o término da exploração torna-se uma utopia. Sendo necessário maior rigor com o tráfico de drogas, pedras preciosas e outras riquezas naturais africanas, extinção do comércio de tráfico internacional de órgãos humanos, divisão igualitária de terras, política de prevenção de doenças e distribuição de medicamentos, banimento de armas de fogo e munições pessoal, investimento maciço em educação e... Mais zilhões de coisas...


Fotografia de Sebastião Salgado
Eu, você e a comunidade internacional devemos perceber, que os povos africanos sofrem com o seu passado pois tornaram-se vítimas históricas. Só haverá reparação deste crime se não houver mais invasão ocidental, pois povos que antes de sofrerem tal violência viviam em equilíbrio e com
uma natural visão antropológica.

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